Quarentena
2020
Os desafios lançados pelo grupo de artistas Sol pelas Mulheres, foram uma ótima forma para que pudéssemos nos manter conectados, com foco na interação, trocas e discussões sobre a fotografia, mesmo estando longe fisicamente uma das outras. Reconectar-me com o meu espaço, foi necessário. Estar isolada, me levou a um novo olhar sobre a minha relação com a espacialidade e o tempo. Me confrontei com o que não era percebido e com aquilo que antes me parecia ser trivial. O invisível, sensorialmente, veio à tona, virou objeto de pesquisa, virou tema.
Mergulho
2020
Pensando que a lente da câmera, equivale a retina dos olhos, fiz a opção por usar o pinhole digital no processo de captação das imagens. Após ter conseguido eliminar o cristal da lente objetiva, vi a imagem crua dos corpos, sem filtros óticos, exibidos no sistema digital da câmera escura. A ausência da lente, substituída por um orifício feito por uma agulha, me permitiu mergulhar no ritmo fragmentado da pulsação das luzes sobre os corpos de minhas filhas, me jogando, bruscamente, na suspensão do tempo que estávamos vivendo. O resultado disso foi um certo desencaixe, imagens fantasmagóricas de corpos, um fluxo de energia através da repetição da forma, uma tentativa de ordenar o turbilhão desordenado de sentimentos que me invadiam e que ainda permanecem em meu entorno.