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Perâmbulo

1988 - 2020

Nos últimos meses, por conta do isolamento social, todas nós, de uma forma ou de outra, fizemos uma viagem  para o “eu interior” na tentativa de se reinventar diante desse novo normal e é o que  mais tenho feito ultimamente: revisitar meus antigos arquivos.

[…] tomando o instante fotográfico como momento que, na realidade, funda a fotografia como  significativo portal de tempos; futuros passados, passados presentes, presentes futuros”.

Sob a perspectiva desse “portal de tempos”, me debrucei em uma série de fotos analógicas, feitas há 32 anos atrás. Quando as revisitei, me deu a sensação de que elas estavam adormecidas  para serem ressignificadas. 

O ano de 1988, há 32 anos, foi marcado por uma perspectiva positiva com a promulgação da nova  constituição do país, na qual, os direitos civis estariam sendo reestabelecidos após um longo período  de direitos tolhidos pela ditadura militar.

 

Em 2020, com o surgimento desse vírus, uma nova ordem social se estabelece e percebemos que nossas fragilidades  ficaram novamente  postas à prova. Voltamos a viver por detrás das máscaras, como em um recorte dos tempos obscuros, sentimos a manipulação e o amassamento politico de  nossos corpos como se fossem um simples pedaço de papel descartado, ou seja, corpos sem as garantias fundamentais previstas na constituição.

 

É fato, que foi devido a esse período de exceção e de introspecção vividos nesses 06 meses, que esse  ensaio  sobreviveu e se mostrou para mim como um assunto contemporâneo, trazendo com ele, as suas marcas. 

Fotográfa Delfina Rocha

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