Dez Noventa
2021
Durante muito tempo, era recorrente sonhar com a casa da minha infância e adolescência. Estranhamente, depois de 38 anos da casa ser vendida para outra família, o ocaso me levou de volta à ela. Agora, encontrava-se desocupada e vazia. Retornar ao espaço – casa – e reencontrá-la com os ambientes surpreendentemente preservados, com os mesmos papéis de parede, o mesmo carpete, as mesmas cores, as marcas do tempo tão impregnadas de vestígios, foi uma experiência única.
A partir das fotos realizadas em visitas recentes, associadas às imagens de 1972, muitas das quais feitas por mim e que estavam no álbum de família, construí dípticos e criei uma narrativa subjetivada, recuperando uma memória afetiva, dos meus primeiros espaços de “abrigo”, “refúgio” e “sonho “. Nessa série, o presente e o passado se confundem, condensando o espaço e o tempo. As imagens editadas passeiam agora publicamente, expondo a cartografia da minha intimidade.