Pérolas aos Porcos
2016
No processo de ruptura com a estética asséptica, tão impregnada no meu trabalho publicitário e comercial, saí investigando novos temas e fui buscar inspiração nas paisagens do sertão cearense. Em meio a esse cenário exuberante, minha atenção voltou-se, inesperadamente, para uma pocilga que abrigava alguns porcos. Naquele instante, seduzida, entendi que meu olhar havia sofrido um deslocamento da imagem idealizada à minha volta, para a estética suja e inusitada daquele ambiente. Foi um salto para o caos, da ordem para a desordem.
Vi naquela voracidade animalesca, na disputa pela comida, a mais clara metáfora da minha angústia na busca pela desconstrução da imagem.
Essa subversão concretizou-se durante a edição, quando as imagens dos porcos começaram a ganhar a companhia dos arquivos das modelos, emprestadas de minhas campanhas publicitárias e aos poucos foram se misturando, se entrelaçando em camadas digitais, criando uma visualidade metafísica de DNA híbrido.